Andebol em Picassinos

Mais uma vez a arbitragem no seu melhor!!

09-02-2010 10:52

Simplesmente vergonhoso!!

Poderia começar este texto com a simples e conhecida frase “desde que vi um porco a andar de bicicleta, já mais nada me surpreende”, porém a situação que aqui vou descrever para além de injustissíma posso mesmo afirmar que foi revoltante, quando estamos a falar de desporto!

Espero que a mesma sirva para que os clubes denunciem situações como a presente, e tomem as medidas necessárias junto dos organismos competentes, quer sejam eles as Associações, Federação de Andebol e especialmente Conselho de Arbitragem, para que tais “anomalias” não aconteçam. É que o desporto não acontece somente com os “grandes” clubes, os olhos também têm que ser postos nos clubes mais pequenos.

Tanto se fala que é necessário e salutar que os jovens pratiquem desporto, pois além de ser benéfico faz parte da formação dos mesmos... porém nem sempre assim acontece, ou melhor não deixam acontecer por conveniência dos próprios.

Como progenitor de uma atleta e director da colectividade onde o mesmo pratica a modalidade que escolheu e porque o clube a que pertence tem (como a maioria dos clubes) parcos recursos, existe um espírito de entreajuda nas deslocações para o cumprimento do calendário; ontem 07.02.2010 não foi excepção e deslocámo-nos ao CDC Albufeira para a realização da 2ª Jornada da 2ª Fase Grupo B Zona 2 - Iniciados Femininos 1ª Divisão (12 a 14 Anos).

Jogo do Campeonato Nacional, com hora marcada logicamente pela Federação de Andebol para as 15h00. Como ditam as regras, os atletas e equipa de arbitragem devem estar no local onde o jogo se vai realizar uma hora antes, ou seja neste caso às 14 horas.

Para que tudo decorresse dentro da normalidade, decidiu-se que a hora da partida fosse às 06h30. Depois de uma viagem de cerca de 400 km, a nossa equipa estava à hora estipulada à porta do recinto onde o jogo iria decorrer, porém nem sinais da equipa de arbitragem, e os portões só foram abertos por volta das 14h40.

Começou logo tudo mal...

Quanto ao árbitro designado – Sr. Paulo Jorge Silva Correia / Associação Algarve – não compareceu, constou-se que seria de Lagos, porém e apesar de a distância ser curta não apareceu.

O jogo teria que ser efectuado e como tal teria que haver árbitro, então nada melhor que um da casa, sim digo e repito um da casa, a partir daí o que poderíamos fazer? Não poderíamos recusar fazer o jogo devido aos custos que isso implicaria para o clube que já se teve que deslocar 800Kms com carrinhas e mais os pais dos atletas com as suas viaturas que levaram os restantes atletas, por conseguinte, marcar novo jogo em nova data com as devidas condições iria duplicar os custos e iríamos novamente na incerteza de haver ou não árbitro designado pelo Conselho de Arbitragem. Com estas condições é preferível ter falta de comparência, pagar a multa à Federação evitando os gastos que são muito superiores à multa e que, se calhar esta situação até é mais de agrado para a própria Federação porque assim encaixa livre de despesas algumas centenas de euros.

Esta situação penso que deve ter sido a utilizada o ano passado pela equipa de Albufeira que recebeu a nossa equipa, mas não se deslocou à nossa cidade aquando do jogo da segunda volta. Resumindo, em tantos jogos de andebol onde tenho estado presente nunca vi nada assim!

Passo a explicar o que me foi transmitido por pessoas que mais de perto estiveram com a pessoa em questão: o senhor que vestiu o colete para arbitrar era nada mais nada menos que - e segundo as suas palavras - o presidente do clube CDC Albufeira... até aqui tudo bem se para tal tivesse tido uma postura séria, isenta e digna da tarefa que se propôs executar... porém tal não aconteceu, acrescente-se ainda que o senhor nunca foi atleta da modalidade nem tão pouco árbitro...pois só terá CIPA porque é dirigente!

Apito inicial e o melhor estava para vir, 60 minutos de hilariante comédia digna de ser filmada, que arrancaria certamente grandes gargalhadas, e estou certo que muitos se questionariam, tal como os presentes, como eu, se questionaram “isto aconteceu? É real o que estou a ver?”

Dizem as regras básicas que nesta modalidade não se pode dar mais que 3 passos sem bater a bola no chão...pois bem para este senhor na equipa da casa até 6 passos não havia problema, era normal; uma outra regra é que um jogador não pode pisar a área para rematar pois bem para a sua equipa tal facto não era merecedor de qualquer penalização, tendo mesmo muitos golos sido marcados assim; mas o mais caricato foi ter apitado falta contra a nossa equipa a meio do terreno de jogo, as suas jogadoras não terem parado para executarem a citada falta e o senhor continuou com o braço esticado a indicar o sítio onde a mesma deveria ter sido marcada, porém não parou a jogada limitou-se a seguir com os olhos a mesma (pois não saíu do lugar onde a falta deveria ter sido marcada) e no final levantou o braço para assinalar o golo que entretanto as jogadoras do seu clube tinham acabado de marcar! Pasme-se, isto é sómente inacreditável!!!

Mãos no pescoço? Diversas situações mas como ele dizia...”a jogadora já ía em desiquilibrio, não foi propositado... por isso não era falta”.

O andebol como jogo de contacto fisíco que é, há sempre - e ontem não foi excepção - faltas atacantes... porém houve muitas para o nosso lado, o Senhor nunca conseguia ver quando as suas jogadoras iam com o braço esquerdo esticado ao efectuar o ataque... nada de estranhar pois ele andava no terreno de jogo com um caderno preto onde anotava tudo (o trabalho que normalmente é efectuado pela mesa, entenda-se) logo enquanto o fazia não podia ver o que se passava no jogo.

Quando se anda no desporto, para além da prática do mesmo tenta-se incutir o que é correcto, pois não nos podemos esquecer que os atletas de hoje serão os do futuro.

Se um clube não leva o número de atletas estipulado pelas normas do andebol tem que pagar uma multa, se um clube tem falta de comparência tem que pagar uma multa.

Os clubes têm que pagar para que hajam árbitros para apitar os jogos, logo também tem que haver a dita “moeda de troca”, os árbitros designados também têm que ter a “obrigação” de comparecerem para aquilo que foram designados! E tem que haver alguém que faça este controle; é imprescindível.

Se os clubes não têm possibilidade de pagar as importâncias estipuladas para tal, então ter-se-à que repensar uma forma correcta para contornar estas situações, e assim evitar males maiores.

As Associações e a Federação de Andebol têm que estar mínimamente alertados para estas situações, pois em nada dignifica a prática da modalidade, para além de todas as “mazelas” que estas situações provocam nos atletas, que tanto tempo, esforço e dedicação dispendem.

Perante tamanha injustiça e como infelizmente estas situações têm vindo a acontecer cada vez mais amiúde e em outros jogos que tenho presenciado nestes últimos tempos, achei de plena consciência que chega de ficar calado, engolir os resultados feitos pela arbitragem, não protestar ou impedir a realização do jogo quando de inicio se sabe que se vai começar sem a dupla de árbitros que foi designada para o jogo porque me dizem “se não jogarmos apanha-mos uma multa”, como diz o velho ditado “quem cala consente”, e o que ontem se passou foi grave e vergonhoso demais para não ser divulgado. Perder pode-se lógicamente perder, no desporto perde-se e ganha-se, mas em ambas as situações que aconteça de uma forma justa e digna, assim não!

A partir de agora vou tentar por todos os meios que estejam ao meu alcance que todos os montantes que despendo para que o atleta possa praticar a modalidade que escolheu, não sejam direccionados para pagar e “engordar” os dirigentes/directores do chamado Conselho de Arbitragem que deixam que estas situações proliferem por todo o país pensando somente em mandar facturas no início das épocas desportivas para pagamento dos serviços de arbitragem para os diversos escalões.

Espero muito sinceramente que todos os meios ao alcance do clube e dos clubes possam ser accionados junto dos organismos competentes para que situações destas sejam banidas por completo, ou pelo menos sirvam de alerta para que haja um pouco mais de respeito em primeiro lugar pelos atletas e depois pelos clubes!

Erros toda a gente os comete, mas quando a balança não consegue equilibrar os pratos, ou melhor quando deliberadamente não a deixam equilibrá-los... então o desporto vai mal, muito mal mesmo (e neste caso numa camada jovem que tanta vez é incentivada à prática do desporto).

Pelo carinho, dedicação, esforço e espírito de sacrifício que neste caso as nossas atletas e treinadores demonstraram ontem e sempre demonstram aliás em todos os jogos que efectuam acho que não merecem que estas situações continuem a acontecer.

Aquilo que aqui por mim foi exposto, pode ser corroborado por todos aqueles que tal como eu se deslocaram até Albufeira para presenciar tão triste espectáculo.

Termino como comecei, foi simplesmente vergonhoso!!

M. Cumprimentos

Paulo Cantanhede    

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